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Cascais (Des)Invest

Em 2020, Carlos Carreiras e Miguel Pinto Luz, numa cerimónia na Casa das Histórias Paula Rego anunciaram a reincarnação da Cascais Invest – Agência para a Promoção e Desenvolvimento Económico de Cascais com objetivo captar para Cascais investimento nacional e estrangeiro, replicador de emprego qualificado e de clusters tecnológicos de ponta, tendo como presidente António Saraiva (presidente da CIP, Confederação Empresarial de Portugal), de acordo com a informação divulgada na altura.

Menos de dois anos depois a Cascais Invest é encerrada e liquidada, no mais completo silêncio, sem que se conheça um único investimento captado pela Cascais Invest.

Já no passado tínhamos criticado a inutilidade desta agência, por duplicar competências que já existiam em várias outras entidades da Câmara Municipal de Cascais, nomeadamente a Cascais Dinâmica, a DNA Cascais e os próprios serviços da autarquia. Confirmou-se agora que serviu apenas para mais um evento de propaganda deste executivo autárquico.

Como já é habitual, nem Carlos Carreiras nem Miguel Pinto Luz deram quaisquer explicações sobre os motivos do seu encerramento nem da despesa efetuada com o funcionamento desta agência, cuja atividade durante dois foi praticamente inexistente, resumindo-se ao lançamento do seu sítio na Internet, entretanto já desativado e um contrato com a Cascais Dinâmica. Pelo meio ficam vários discursos e entrevistas sobre o promissor desenvolvimento do concelho, promessas que, como tantas outras, nunca foram cumpridas.

Importa salientar que o contrato referido no parágrafo anterior foi feito por ajuste direto com o objetivo de “prestação de serviços de assessoria com vista à caracterização do tecido empresarial e potencial de investimento no concelho de Cascais”. Uma entidade cujo objetivo é captar investimento (Cascais Invest) assessora outra entidade da autarquia que tem também como objetivo captar investimento para Cascais (Cascais Dinâmica). Chama-se a isto economia circular à PSD, onde não há captação de investimento, apenas captura dos impostos dos munícipes.

Enquanto existiu (pelo menos no papel) a Cascais Invest foi um exemplo da visão empresarial e empreendedora do PSD. O seu conselho de administração era composto por quinze elementos, todos masculinos, incluindo Miguel Pinto Luz, e a comissão executiva era composta por cinco elementos igualmente todos masculinos, não sendo conhecidas nem a remuneração dos seus órgãos de gestão nem as suas fontes de financiamento que, passados dois anos, continuamos sem saber.

Os relatórios de contas da Cascais Invest não foram, até à data, divulgados, nenhuma entidade nem protagonista se pronunciou sobre o encerramento da Cascais Invest, Carlos Carreiras e Miguel Pinto Luz remeteram-se ao silêncio sobre os futuros planos para a captação de investimento para Cascais, tudo isto tem contornos de muito pouca transparência, e levanta sérias questões sobre o que efetivamente levou ao encerramento e liquidação da Cascais Invest.

Em resumo, assistimos a mais um exemplo do vergonhoso esbanjamento de recursos públicos, recursos que serviram apenas para efeitos de propaganda pessoal de Carlos Carreiras e Miguel Pinto Luz.