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DNA Cascais, serve para quê?

A DNA Cascais é mais um exemplo do uso dos recursos dos contribuintes para a auto-promoção de políticos. Neste caso são políticos do PSD em Cascais. Dados os exemplos semelhantes que abundam no resto do país, estivesse o PS no poder em Cascais a situação não seria diferente.

Os dois mais recentes presidentes da DNA Cascais, Nuno Piteira Lopes (vereador do PSD) e Frederico Nunes (ex-vereador do PSD e atual presidente) foram nomeados por Carlos Carreiras com base em critérios puramente políticos. Para uma entidade que tem como objetivo a promoção, incentivo e desenvolvimento do empreendedorismo em geral, a falta de experiência profissional dos seus presidentes na área relevante não podia ser maior. 

Sem surpresas, para além da propaganda, a gestão da DNA Cascais é tudo menos um sucesso.

Apesar de termos uma empresa municipal, a Cascais Dinâmica, supostamente capaz de gerir espaços comerciais, a DNA Cascais ficou responsável por alguns desses espaços comerciais.

O badalado One Market Cascais, um espaço de 2500 m2 de “boa gastronomia” e “agenda cultural” que a DNA Cascais tinha como objetivo inaugurar em 2022 continua hoje vazio, e o único espaço a funcionar, uma papelaria, não se enquadra sequer na categoria de restauração. A gestão de atividades comerciais por políticos sem qualificações acaba sempre em atrasos, excesso de custos, falta de rentabilidade, e uma fatura pesada para os contribuintes.

Os espaços comerciais no Mercado de Cascais são outro exemplo. Com uma localização priviligiada no centro de Cascais, e apesar das supostas melhorias efetuadas diretamente pelo orçamento da Câmara Municipal de Cascais, a DNA Cascais é incapaz de manter o espaço em condições minimamente aceitáveis. O mais recente exemplo da incompetência que permeia na gestão deste espaço foi a colocação de carrinhos para suportes dos tabuleiros da restauração que são de tamanho diferente dos tabuleiros. Os carrinhos, sempre vazios, têm, obviamente, publicidade à autarquia. 

Outro exemplo da propaganda da DNA Cascais é o suposto apoio a empresas em fase inicial. Em 2022 apoiou, supostamente, 57 empresas (uma pequena fração das empresas que são criadas todos os anos no concelho de Cascais). Ora para além de uma vaga descrição do tipo de “apoios” prestados, não se encontra nenhum detalhe que permita verificar a relevância dos mesmos. A verdade é que os supostos “apoios” nunca são devidamente explicados nem muito menos, caso se trate de subsídios, devidamente publicitados para garantir a transparência e isenção da atribuição dos mesmos.

O apoio é sobretudo feito pelos munícipes através dos subsídios atribuídos pela Câmara Municipal de Cascais ao funcionamento da DNA Cascais no valor de 0,4 e 1,2 milhões de euros em 2022 e 2021 respetivamente.

A DNA Cascais não tem, também por isso, falta de recursos para propaganda nas redes sociais e eventos mediáticos, mas nunca publicou no Portal Base um único contrato. Nada que surpreenda, uma vez que a Câmara Municipal de Cascais (PSD) tem uma grande aversão ao cumprimento de obrigações na área da transparência, confirmado pelo facto de todas as decisões da Comissão de Acesso a Documentos Administrativos levantadas pela Iniciativa Liberal terem sido decididas a nosso favor.

Se a DNA Cascais não existisse, os munícipes sentiriam a diferença? Claro que não. Serve então para quê?