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É Preciso Planear e Executar

Temos de pensar hoje no que precisamos de fazer no concelho para resolver ou mitigar problemas estruturais que, se nada fizermos, se vão continuar a agravar. Infelizmente, na Administração Pública em Portugal há uma grande ausência de uma cultura de planeamento e de análise, e Cascais não é exceção.

Uma das coisas que mais me tem surpreendido, conforme vou acompanhado o trabalho dos autarcas da Iniciativa Liberal na Assembleia Municipal e nas Assembleias de Freguesia, é a quase total ausência de análise financeira / operacional de muitos projetos que o executivo propõe para aprovação.

Propõem-se projetos de muitos milhões de euros numa base simplesmente de cumprir as exigências legais para executar essa despesa, e da descrição floreada do suposto benefício esperado, sem que haja uma análise rigorosa sobre a robustez dos pressupostos e a quantificação dos benefícios vs. custos. Ou então aparecem novos projetos a meio do ano, de elevado valor, que não foram contemplados no orçamento anual, preparado e discutido uns meses antes.

E há muito por fazer em Cascais.

Na mobilidade, os passeios têm de ser devolvidos aos peões, e o piso adaptado a um caminhar mais confortável e seguro. A mobilidade suave necessita de uma rede de ciclovias devidamente planeada, integrada e segura. As estradas são para serem mantidas devidamente, e não constantemente remendadas. O transporte público rodoviário não pode ser uma amálgama de operadores, dentro e fora do concelho, sem coordenação. Precisamos de pensar em meios de transporte que possam substituir a viatura própria, como um sistema de metro de superfície. A Linha de Cascais, com estações deixadas ao total abandono (veja-se Alcântara-Mar ou Algés), tem de ser recuperada e integrada na rede ferroviária nacional com a ligação à Linha da Cintura e com novo material circulante.

Na habitação, é necessário que, em conjunto com a administração central e a Área Metropolitana de Lisboa, se promovam políticas para aumentar a oferta, se simplifiquem os procedimentos administrativos para nova construção e a morosidade dos mesmos (para assim baixar o custo de construção) e que se definam políticas de habitação pública e social para fazer face a quem, mesmo assim, não tem condições financeiras para uma habitação condigna.

Na educação, e particularmente em Cascais, não podemos continuar com esta enorme segregação imposta pelo ensino público. O sucesso do contrato de associação com uma escola em Manique demonstra, inequivocamente, que o ensino público não precisa de ser prestado por um sistema de ensino à mercê da vontade política de um certo comité central e sindicatos satélites. Este exemplo, demonstra, inequivocamente que, entre a ideologia socialista da escola pública, ou uma boa educação para os seus filhos, os pais preferem, inequivocamente, a segunda (aliás como no exemplo da PPP do Hospital de Cascais).

No ambiente, é preciso acabar com a poluição nas ribeiras e praias, e com o lixo abandonado regularmente um pouco por todo o lado. Temos de conseguir aumentar as taxas de reciclagem, e produzir, localmente, mais energia a partir de fontes renováveis. Não faz sentido nenhum gastarmos milhares de euros em autocarros a hidrogénio que circulam vazios, e obter esse hidrogénio a partir de fontes fósseis.

Mais exemplos haveria, mas este artigo já vai longo.

Para fazer tudo isto e muito mais é necessário um investimento substancial, durante as próximas décadas. Mas este investimento tem de ser bem feito, com base em critérios económicos e financeiros sólidos, e com garantias de qualidade.

Temos de ser extremamente rigorosos em cada euro que for gasto, para ter a certeza que terá o retorno efetivo para o concelho e munícipes, e não seja apenas mais um elemento de propaganda. Espatifar dinheiro em projetos como o veículo autónomo, autocarros a hidrogénio, festas e festarolas, e obras de Santa Engrácia não nos leva a lado nenhum.

Temos de acabar com este estado de coisas, resultado de um pensamento focado nas eleições seguintes e na necessidade ir mantendo um fluxo regular de notícias sobre coisas que se “vão fazendo”, mas uma total ausência de planeamento e visão de longo prazo.

Cascais, e o país, precisam de grandes mudanças. É tempo de gerirmos o nosso território de uma maneira mais profissional e em prol de todos nós, e não apenas para que os mesmos políticos de sempre tenham emprego.