
A minha experiência pessoal e profissional foi passada praticamente
toda neste concelho. São mais de 50 anos de experiência pessoal e cerca de 40
de experiência profissional. Lido com centenas de pessoas deste concelho
diariamente e tenho o privilégio de entabular muitas conversas relacionadas com
aspetos da sua vida quotidiana.
Devido à carga de trabalho que muitas dessas pessoas têm e pelo
facto do nosso sistema de ensino não estar vocacionado para criar espírito
crítico nos alunos, a maior parte não tenta encontrar maneira de resolver os
problemas que enfrenta no dia a dia.
Os buracos nas estradas, o estacionamento difícil e caro, o
excesso de viaturas nas estradas, a falta de transportes públicos eficazes e intermunicipais,
a ausência de uma visão de longo prazo, e depois a má legislação, a falta de
incentivo e de controlo dos recursos humanos, a pouca transparência no gastos
dos dinheiros públicos, a duplicação de funções e muitas vezes de gastos, são
problemas que têm que ser resolvidos e que requerem um envolvimento da
comunidade que não tem existido.
Existe um problema de conceito. É necessário criar uma nova
maneira de exercer as funções para as quais são eleitas as pessoas que gerem as
autarquias.
Esse novo conceito tem que se basear em total transparência
e numa descentralização e responsabilização de funções, para que a resolução
dos problemas seja eficaz. Todas as transações efetuadas com dinheiro público
devem estar online para acesso universal. Um Saft, igual ao que as empresas têm
que fazer no seu dia a dia. Assim, cidadãos, mass media, políticos e empresas, sabemos
quanto se pagou por qualquer compra efetuada com o nosso dinheiro. Temos que
saber item a item, o seu custo. Temos que saber quantas horas de mão de obra
foram gastas e quanto custaram para que tendencialmente as compras sejam
efetuadas a preços de mercado. Isto é muito mais importante do que saber a quem
compramos, porque se os gastos forem feitos a preços de mercado, não sobra
dinheiro para corrupção.
Por outro lado precisamos também saber o que se pretende a longo
prazo. Qual a densidade urbana que queremos ter? Qual a densidade de circulação
viária que pretendemos que haja? Qual a autonomia das empresas para investir
neste concelho? Que regras se aplicam nos licenciamentos? As respostas das entidades
públicas às questões de licenciamentos, impostos devidos, entre outras questões
colocadas, devem ser dadas por escrito e com a indicação de quem respondeu para
que seja tudo claro e transparente além de ser unívoco no sentido de saber quem
respondeu e porquê.
É tempo de iniciar uma nova maneira de fazer política.