O estado de degradação a que chegaram muitas estações da Linha de Cascais é
mais um exemplo da incapacidade do Estado para gerir (bem) o que é de todos.
No Cais do Sodré, escadas rolantes e elevadores estão frequentemente fora
de serviço e as bilheteiras (manuais e automáticas) não têm capacidade para
períodos de maior procura originando longas filas. Em Alcântara-Mar a situação
da passagem inferior é indescritível com o sue total abandono, vandalização e
um constante cheiro nauseabundo. Em Algés a estação inunda em períodos de maior
pluviosidade. Nas restantes estações encontramos equipamento de venda e
validação de bilhetes inoperacional, estações e plataformas degradadas e
vandalizadas.
Obsoleta, abandonada, a Linha de Cascais é cada vez menos uma solução de
mobilidade sustentável, rápida e de baixo custo, quando comparada com a
alternativa da viatura própria. Sem surpresas o tráfego na A5 voltou a bater
recordes no primeiro semestre de 2023.
A somar a isto, o concurso para os novos comboios que iriam substituir os
atuais (dos anos 50 e 60 do século passado) está, sem surpresa, atrasado. Não
há data prevista para a construção da tão necessária ligação da Linha de
Cascais à Linha da Cintura entre as estações de Alcântara-Mar e
Alcântara-Terra. Usar o telemóvel ou um cartão bancário para aceder às
plataformas é ainda impossível.
A CP e as Infraestruturas de Portugal, as duas entidades responsáveis por
este estado de coisas, refletem um país à mercê de políticos mais preocupados
com o seu salário, com o tamanho da sua viatura de serviço e com o “status”
social da sua posição do que com o planeamento, a manutenção, a eficiência, a
qualidade do serviço e a visão estratégica que a Linha de Cascais e todos nós
exigimos.