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O Odor da Mudança

A permanência constante de uma única força política no poder pode ser prejudicial para a democracia e para o desenvolvimento de uma sociedade. No contexto específico da Câmara Municipal de Cascais, onde o PSD tem mantido um domínio ininterrupto durante anos, essa situação levanta sérias preocupações.

A democracia é um sistema no qual a alternância no poder desempenha um papel crucial. Quando um partido político se mantém no poder por longos períodos, corre-se o risco que o governo se torne complacente, perca a conexão com as necessidades da população e até mesmo se envolva em práticas questionáveis como é o caso dos ajustes diretos no âmbito do covid ou a aquisição de viaturas a hidrogénio com menos de um passageiro em média por viagem. Como se constata, no caso de Cascais, a liderança contínua do PSD na Câmara Municipal é exemplo desses problemas.

Quando um partido se mantém no governo por muitos anos, há menos incentivos para agir de forma responsável e transparente, pois não enfrenta a mesma pressão para mostrar resultados ou responder a críticas. Isso pode levar a decisões arbitrárias e falta de fiscalização, o que é prejudicial para a população.

Além disso, a falta de alternância no poder pode levar à estagnação e à falta de inovação. Quando um único partido domina a política local, as ideias novas e as soluções criativas muitas vezes ficam de fora do processo de decisão. Isso pode impedir o progresso e a adaptação às mudanças sociais e econômicas em curso. Como é óbvio não estamos aqui a falar do tipo de criatividade que o executivo do PSD tem demonstrado, como a aquisição de um drone covid ou de um veículo autónomo com condutor. Estamos a falar de ideias que resolvem de facto os problemas das pessoas como a Iniciativa Liberal de Cascais tem feito, com as suas propostas de implementação de um sistema de metro de superfície, ou a recuperação das estações de comboios da linha de Cascais ou ainda de um plano de prevenção de cheias e incêndios no nosso concelho.

No contexto de Cascais, a necessidade de “trocar de roupa interior com frequência” pode ser uma metáfora adequada para ilustrar a ideia de que a mudança é essencial para a saúde de qualquer sistema político. Assim como usar a mesma roupa interior por muito tempo pode ser insalubre e desconfortável, manter um partido no poder indefinidamente pode resultar em problemas políticos e administrativos.

Outra questão importante é a representatividade. Quando um único partido controla o governo local por um longo período, pode-se questionar se a diversidade de opiniões e interesses da população está a ser adequadamente representada. A alternância no poder permite que diferentes grupos tenham a oportunidade de expressar suas preocupações e prioridades, tornando o processo político mais inclusivo.

Em resumo, a permanência contínua de um único partido político no poder, como no caso do PSD na Câmara Municipal de Cascais, apresenta sérios desafios para a democracia local. A falta de alternância no poder pode levar a problemas como a estagnação e falta de representatividade. Portanto, é fundamental para o funcionamento saudável da democracia que haja espaço para diferentes vozes e perspetivas no governo, promovendo assim uma governança mais responsável e eficaz.