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As fitas do Papa

No passado dia 11 de agosto, o Expresso noticiou que tinham sido gastos 444 mil euros em fitas promocionais para as Jornadas Mundiais da Juventude, afirmando também de forma humorística que “toda a gente as usou, menos o Papa”. Mas parece que o título da notícia não correspondia à verdade, de duas maneiras diferentes até.

Foi posteriormente clarificado pela Câmara Municipal que apenas 114 mil euros dos 444 mil foram gastos em fitas, sendo o restante dinheiro gasto em outros “materiais de comunicação”, tais como, sacos de pano e t-shirts que seriam distribuídas aos voluntários e peregrinos.

Quanto à parte do “toda a gente as usou”, também não podia estar mais longe da verdade, dias após a visita do Papa estavam a ser distribuídos pelas ruas do concelho sacos a que chamaram o “kit peregrino”, que incluíam as fitas, uma t-shirt e uma garrafa reutilizável, sendo que as garrafas custaram 8100€ aos contribuintes. Estes artigos estavam todos destinados aos voluntários e peregrinos do evento, mas, como em muitos outros assuntos, a câmara fez tudo “em cima do joelho” e acabaram por sobrar demasiados, em mais um exemplo de uma brincadeira com o dinheiro dos munícipes.

Se somarmos aos valores anteriormente referidos 65000€ de um aluguer de WC’s portáteis (através de um ajuste direto, claro), ficamos com mais de meio milhão de euros dos contribuintes gastos de uma maneira completamente irresponsável e sem qualquer tipo de planeamento, ainda por cima num evento religioso que certamente não foi do interesse da totalidade dos munícipes.

Mas a população não ficou apenas a perder com os fundos públicos gastos no evento. Apesar da promessa de retorno económico, registou-se mesmo um abrandamento do crescimento da economia, isto deveu-se principalmente à redução do número de dormidas em hotéis e à quebra do consumo em restaurantes e no comércio local. E é bastante provável que Cascais tenha sofrido especialmente com isto, dado que o evento foi realizado em época alta, quando o concelho regista o maior número de turistas.

Parece que para além de colocar localizadores em palmeiras, também vamos ter de colocar localizadores no dinheiro dos contribuintes.