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Bem prega Frei Tomás

No passado dia 28 de Março a IL levou a votação da assembleia municipal a moção “Por Uma Integração Das Crianças Ucranianas”. Esta moção visava articular com o estado central a possibilidade de aumentar temporariamente o número de alunos por turma das creches, tendo em vista o incremento da imigração provocado pela invasão da Ucrânia. Esta moção foi chumbada com os votos contra da CDS e PCP.

Como se este episódio não fosse em si mesmo uma profunda mancha na forma como se procede à integração dos refugiados no nosso concelho, o deputado municipal do CDS, Tomás Monteiro, dignou-se a colocar na nossa página do Facebook a sua perspetiva sobre o voto contra do CDS.

Os argumentos do Tomás Monteiro versam principalmente dois pontos: que ninguém em Cascais ficou por colocar a sua criança na creche desde que tenha pedido à autarquia, e que embora Cascais apenas tenha 70% de taxa de cobertura de resposta social para a primeira infância isso apenas reflete que os outros 30% não necessitam. 

Vamos então por partes, a moção não se dirige a quem foi abrangido pelo atual programa da autarquia, a moção pretende antecipar um problema que com a vinda dos milhares de refugiados para o nosso país iria acontecer. Uma boa prática de gestão é antecipar e prevenir problemas e não agir apenas quando nos deparamos com as suas consequências. Neste aspeto o CDS claramente não partilha da mesma visão de gestão profissionalizada dos recursos da autarquia que a IL defende.

Relativamente à taxa de cobertura, e passo a citar a carta social de 2020, “para o cálculo da taxa de cobertura das respostas sociais para a 1.ª infância são considerados o número total de lugares existentes e a população de referência das respostas em análise”. Ou seja, a taxa de cobertura leva em consideração lugares existentes e não colocações em creches. O que tem sentido, caso contrário Lisboa que tem uma taxa de cobertura inferior a 49% significaria que 51% dos agregados familiares não querem colocar as suas crianças em creche. Todos nós conhecemos os casos dramáticos de filas de espera para um lugar numa creche no município de Lisboa. O que na realidade se passa, é que as crianças que não vão para creches acabam muitas vezes por ficar a cargo da rede familiar muitas vezes a grande custo para as famílias.  Não é necessário dizer mais nada tal é a incongruência do argumento. 

O que o Tomás Monteiro deliberadamente se esqueceu de referir, foi o facto de a moção ter como objetivo principal aumentar a flexibilidade no acolhimento de crianças refugiadas da Ucrânia sem prejudicar quem já cá vive, e que a posição que tomámos e que propusemos é relativamente consensual no espaço político nacional, como o demonstra não só o que foi aprovado em Lisboa, o que foi aprovado pelo governo, a própria posição do parceiro de coligação do CDS em Cascais (que se absteve) e o facto que importa voltar a sublinhar da posição do CDS ter sido apenas secundada pelo PCP.

De qualquer forma ficamos agradados que a maior publicação do CDS em Cascais de 2022 tenha sido na página da IL Cascais, facto que sublinha relevância da IL em Cascais e o (des)investimento efetuado na comunicação na página do CDS Cascais, de propostas que melhorem a vida dos cascalenses.