Estamos a 18 dias das eleições autárquicas e como não deixa de ser hábito temos o infindável rol de promessas eleitorais. Podemos dizer que a grande maioria segue uma regra que é quem promete mais, quem dá mais.
“Damos! Damos! Damos!” mas ninguém fala do essencial que é como tornamos a despesa dos municípios sustentável garantindo retorno sobre o investimento feito. Caso contrário o que as forças políticas que vão a eleições estão a dizer aos eleitores é que descobriram a árvore das patacas. Já sabemos como esse filme acaba! Pelo menos três vezes na nossa história mais recente tivemos de pedir intervenção externa e passar por uma exigente dieta.
No caso do município de Cascais a despesa corrente per capita nos últimos 8 anos (até 2019) do atual executivo cresceu 35% enquanto o nosso PIB per capita subiu no mesmo período 25%.
Convém relembrar que despesa corrente é composta por despesas com pessoal, prestações sociais, subsídios, juros etc. Ou seja, é toda a despesa que depois de criada tem a tendência para se prolongar durante vários anos.
Voltando ao caso de Cascais, o município decidiu gastar mais 10% do que a riqueza gerada por cada pessoa em despesa que irá ficar durante anos. Poderá a pessoa mais atenta dizer que isso tem que ver com a transferência de competências do estado central para os municípios, mas isso apenas explica metade dessa diferença.
Enquanto continuarmos a colocar no estado local cada vez mais despesa corrente, que está acima da riqueza gerada pelo país, temos de perguntar onde estamos a ir buscar o dinheiro para o fazer.
E aqui, temos visto que é de duas formas, ou pela via do endividamento ou pelo acréscimo ou manutenção de impostos altos sobre as pessoas e empresas. Enquanto que relativamente à dívida, ao nível municipal houve de facto um esforço para a controlar, o mesmo não se passa com o nível de impostos.
E assim, em vez do estado funcionar como facilitador da economia, estamos cada vez mais a aumentar a sua intervenção e a diminuir o espaço para as pessoas e empresas prosperarem, uma vez que são cada vez mais esmagadas por impostos, colocando em causa a real capacidade de nós enquanto sociedade gerar riqueza.
Nestas eleições, tal como nas últimas, vendem-te ilusões, mas cabe-te a ti confrontar as propostas com a realidade!