No passado
dia 15 de dezembro, a proposta liberal para um círculo nacional de compensação
foi chumbada com os votos contra do PS, PSD e PCP, contando com os votos a
favor dos restantes partidos.
Uma proposta
efetivamente justa que permitia combater o voto útil e o bipartidarismo que
tanto poluem a política portuguesa. Uma proposta que poderia resolver o
problema que levou a termos 730 000 votos que não resultaram na eleição de
um único deputado, quase um milhão de portugueses viu o seu voto a ser deitado
ao lixo só por terem a ousadia de não votarem num dos dois grandes partidos, e
isto não inclui os milhares de portugueses que fizeram o chamado “voto útil”
por receio de verem o seu voto a ser também deitado ao lixo.
Calculando o
impacto que esta proposta teria tido em eleições anteriores, é possível
observar o quão diferente teria sido a Assembleia da República ao longo dos
anos. Nas legislativas de 2022, a Iniciativa Liberal teria eleito mais 3
deputados, Livre e PAN passavam a ter um grupo parlamentar, o CDS voltaria ao
parlamento e o RIR elegia um deputado. Quanto às eleições anteriores, uma das
mudanças mais interessantes seria a presença de um deputado do MRPP na
Assembleia da República em todas as eleições legislativas realizadas desde a restauração
da democracia, só para par um exemplo do impacto desta medida.
Só falta
referir a principal diferença, com esta proposta o PS e o PSD perderiam um
número considerável de deputados. Em 2022, o PS não teria conseguido maioria
absoluta, ficando com menos 19 deputados, e mesmo o PSD perderia 6 deputados.
Em 2011, a coligação PSD/CDS também não teria alcançado a maioria absoluta,
contando com menos 17 deputados.
Assim fica
fácil perceber o porquê dos votos contra (à exceção do voto contra do PCP, que
ainda ninguém percebeu). Se não houver vontade dos dois maiores partidos, não
será possível atingir justiça para os eleitores portugueses. Esperemos que os eleitores
destes partidos tenham aberto os olhos e que ajudem a acabar com o
bipartidarismo em março. E até lá esperemos que não se esqueçam do partido que
sempre defendeu um círculo nacional de compensação!