Menu Fechar

Os milagres e as fezadas

Portugal já sabia que receberia as Jornadas Mundiais da Juventude há muito tempo, mas nada foi acautelado ou planificado, tudo feito à última hora com dezenas de ajustes diretos já quase a começar o evento. Nunca foi feito um único estudo, apesar de serem gastos muitos milhões dos contribuintes. No caso particular de Cascais, foram gastos 1,5 milhões de euros.

Apesar disto, Portugal sempre foi um país tolerante e acolhedor, independentemente dos credos religiosos de cada um, a receber jovens de todo o mundo, Portugal bem precisa deles, visto  que muitos de nós emigramos. Numa noticia recente, foi relatado que “Desde 2016, saíram de Portugal quase 20 mil jovens licenciados por ano, cerca de 40% do total de novos licenciados”.

Quanto ao financiamento das jornadas, Portugal podia ter seguido o modelo de Espanha nas jornadas de 2011, onde não foi gasto 1 cêntimo dos contribuintes com um orçamento muito mais reduzido que o nosso, 52M, já para Portugal, a previsão é de 160M, não querendo ser mal interpretado, parece-me até pouco cristão estes gastos tão avultados.

Espero que aproveitem o nosso país e que sejam bem recebidos, e que tenham aproveitado de um evento com tanto significado para eles. Inicialmente, falava-se em retorno, que esse “retorno” ia-se refletir no aumento da procura por hotéis e alojamento local, mas nada disso aconteceu. O que seria de esperar era um aumento da procura, dado ser uma época alta do ano, mas a narrativa atual é o “património imaterial”. Em resumo, não haverá retorno, não culpo os pregrinos por isso, a maioria deles são jovens, é natural que não tenham tantos rendimentos, mas vários comerciantes já se queixaram do fraco retorno, e isso é culpa de quem planeou este evento. Para além disso, existem varias externalidades negativas como ruas cortadas e a apresentação de comprovativo de residência ou trabalho para aceder a certas zonas, a fazer lembrar os tempos da pandemia, mas são medidas necessárias para a segurança do evento. Depois ainda temos os transportes sobrelotados, que já vinham a entrar em degradação há vários anos e com este aumento de pessoas, pode criar uma situação perigosa para a segurança de todos nós. Estes condicionamentos não são, obviamente, agradáveis para niniguem,

Por fim, gostava de abordar também a questão dos cartazes. A sociedade civil tem todo o direito em colocar cartazes a relembrar os abusos perpetrados por alguns elementos da Igreja, mas o que Isaltino Morais fez foi um ataque total à liberdade expressão e foi uma degradação das instituições  e, especialmente, da democracia. Por mais que os anos passem existem sempre pessoas incomodadas com a liberdade de expressão e que veem na censura um escape para a incapacidade de lidarem com a diferença de opiniões.